
"Não me condene por isso, mas acho que precisamos dar nome aos bois: preto é preto, branco é branco, azul é azul, roxo é roxo. Não posso me sentir ofendida por ser chamada de branca sardenta, afinal, eu sou uma branca sardenta. Mas me ofendo quando me chamam de branquela enferrujada. Acho que os negros não devem se sentir ofendidos quando chamados de pretos, afinal, eles são pretos. Acho, sim, que é falta de educação e respeito chamar de negrinho-sei-lá-das-quantas ou pretinho sei-lá-o-quê. Mas homem é homem, mulher é mulher, gay é gay, preto é preto, branco é branco, índio é índio, japonês é japonês, gremista é gremista, colorado é colorado, filho da puta é filho da puta.
Se eu me apaixonasse por uma mulher ficaria com ela. Se eu me apaixonasse por um anão ficaria com ele. Se eu me apaixonasse por um negro casaria com ele. Se eu me apaixonasse por um branco sardento como eu ficaria com ele e teria branquinhos sardentinhos. Não vejo o menor problema em nada disso - e ver algo de errado é puro preconceito. Só acho que nomes não existem por acaso, não podemos virar as costas para a nomenclatura e nem nos sentirmos culpados por dar nome aos bois".
Clarissa Corrêa.
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